sábado, 3 de junho de 2017

Vale a pena a leitura. Pra refletir! E muito!

"E a juventude vai escoando entre os dedos.
Era uma vez uma geração que se achava muito livre. Tinha pena dos avós, que casaram cedo e nunca viajaram para a Europa
Tinha pena dos pais, que tiveram que camelar em empreguinhos ingratos e suar muitas camisas para pagar o aluguel, a escola e as viagens em família para pousadas no interior.
Tinha pena de todos os que não falavam inglês fluentemente.
Era uma vez uma geração que crescia quase bilíngue. Depois vinham noções de francês, italiano, espanhol, alemão, mandarim.
Frequentou as melhores escolas.
Entrou nas melhores faculdades.
Passou no processo seletivo dos melhores estágios.
Foram efetivados. Ficaram orgulhosos, com razão.
E veio pós, especialização, mestrado, MBA. Os diplomas foram subindo pelas paredes.
Era uma vez uma geração que aos 20 ganhava o que não precisava. Aos 25 ganhava o que os pais ganharam aos 45. Aos 30 ganhava o que os pais ganharam na vida toda. Aos 35 ganhava o que os pais nunca sonharam ganhar.
Ninguém podia os deter. A experiência crescia diariamente, a carreira era meteórica, a conta bancária estava cada dia mais bonita.
O problema era que o auge estava cada vez mais longe. A meta estava cada vez mais distante. Algo como o burro que persegue a cenoura ou o cão que corre atrás do próprio rabo.
O problema era uma nebulosa na qual já não se podia distinguir o que era meta, o que era sonho, o que era gana, o que era ambição, o que era ganância, o que necessário e o que era vício.
O dinheiro que estava na conta dava para muitas viagens. Dava para visitar aquele amigo querido que estava em Barcelona. Dava para realizar o sonho de conhecer a Tailândia. Dava para voar bem alto.
Mas, sabe como é, né? Prioridades. Acabavam sempre ficando ao invés de sempre ir.
Essa geração tentava se convencer de que podia comprar saúde em caixinhas. Chegava a acreditar que uma hora de corrida podia mesmo compensar todo o dano que fazia diariamente ao próprio corpo.
Aos 20: ibuprofeno. Aos 25: omeprazol. Aos 30: rivotril. Aos 35: stent.
Uma estranha geração que tomava café para ficar acordada e comprimidos para dormir.
Oscilavam entre o sim e o não. Você dá conta? Sim. Cumpre o prazo? Sim. Chega mais cedo? Sim. Sai mais tarde? Sim. Quer se destacar na equipe? Sim.
Mas para a vida, costumava ser não:
Aos 20 eles não conseguiram estudar para as provas da faculdade porque o estágio demandava muito.
Aos 25 eles não foram morar fora porque havia uma perspectiva muito boa de promoção na empresa.
Aos 30 eles não foram no aniversário de um velho amigo porque ficaram até as 2 da manhã no escritório.
Aos 35 eles não viram o filho andar pela primeira vez. Quando chegavam, ele já tinha dormido, quando saíam ele não tinha acordado.
Às vezes, choravam no carro e, descuidadamente começavam a se perguntar se a vida dos pais e dos avós tinha sido mesmo tão ruim como parecia.
Por um instante, chegavam a pensar que talvez uma casinha pequena, um carro popular dividido entre o casal e férias em um hotel fazenda pudessem fazer algum sentido.
Mas não dava mais tempo. Já eram escravos do câmbio automático, do vinho francês, dos resorts, das imagens, das expectativas da empresa, dos olhares curiosos dos “amigos”.
Era uma vez uma geração que se achava muito livre. Afinal tinha conhecimento, tinha poder, tinha os melhores cargos, tinha dinheiro.
Só não tinha controle do próprio tempo.
Só não via que os dias estavam passando.
Só não percebia que a juventude estava escoando entre os dedos e que os bônus do final do ano não comprariam os anos de volta."
Ruth Manus.

6 comentários:

Micha Descontrolada disse...

Uau. Super verdadeiro. Acho que eu vivo num mundo paralelo, entre um e outro. Sou bem simples, gosto do básico, prezo muito meu tempo livre para curtir minha família e dispenso trabalho para ter esse tempo.

Beijossssssss
┌──»ʍi૮ђα ツ

Nana disse...

Eu já tive essa fase mas mudei muito depois que casei. Acho que eh a idade chegando kkkk. Obrigada pelo carinho e pela visita.

Anônimo disse...

nossa nana, escrevi um textao e ai apagou tudo! que raiva! :/
enfim, acredito que essa geração é sem duvidas a nossa! as redes sociais são o combustivel para essa eterna busca da perfeiçao. lá as vidas sao perfeitas,as viagens são constantes e maravilhosas, os casamentos de princesas e principes... ai a gente olha a nossa dura realidade e pensa: minha vida é uma m****. ninguem pergunta se vc ta feliz, ja perguntam se vc ja se formou, onde ta trabalhando, onde ta morando e se ja teve filhos... temos que viver pra dar satisfação pras pessoas como se a vida fosse delas e nao nossa. quanto a seus pensamentos do post anterior nana, vc pode ta sim com o começo de uma depressao, digo isso pq me trato de uma e pense! oh doença que maltrata! procure um bom psicologo, ou psiquiatra.. com ctz vc vai melhorar. um super beijo carinhoso ass: Daniele

Nana disse...

Obrigada pelo carinho e pela visita. Fk c Deus.

Camila Faria disse...

Sensacional o texto. Uma geração cheia de conflitos, sem dúvida. Bacana demais a reflexão.

Nana disse...

Também achei. Obrigada pelo carinho e pela visita.