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domingo, 9 de fevereiro de 2014

Sem ele não dá

Oi, tudo bem?

O final de semana foi bem animado; daqueles que saem totalmente fora dos planos feitos e te pega de jeito. Era para ter sido bem sossegado: na sexta, a gente tinha organizado uma despedida de solteira para uma amiga do trabalho - só as melhores, como dissemos - e depois eu ia passar ver o garoto. No sábado, a gente tinha planejado um programinha bem light porque ele ia trabalhar o dia todo no solzão de novo. No domingo, a gente ia sair bem cedinho para ir na igreja dele, íamos almoçar em outra cidade e dar um rolê em um novo shopping.

Mas Deus tinha outros planos...

Sexta foi paulera no trabalho porque tivemos nossa primeira avalição de desempenho profissional. Nos meus resultados, veio quase tudo o esperado: que eu preciso ser mais comunicativa, mais cordial e menos centralizadora. Mas me surpreendeu a quantidade de MÁXIMO que eu consegui: 16. Claro que teve gente que disse que conseguiu mais que todo mundo quando a gente imagina qual seja a verdade - que nunca será descoberto porque a avaliação foi individual - mas já aprendemos como lidar com esse tipo de gente: ignora.

No final da tarde, eu tinha deixado o celular no silencioso e não vi 3 mensagens e 1 ligação perdida do garoto.

Só vi depois.

E liguei de volta.

Resumo: ele estava em uma cidade vizinha, na Santa Casa, sozinho, com o pulso fraturado, esperando a ambulância que ia trazê-lo para nossa cidade porque ele tinha sofrido outro acidente de trabalho caindo de uma escada de uma altura de cerca de 2,5m que resultou na fratura do pulso e no corte da testa do auxiliar dele que teve que voltar dirigindo para nossa cidade mesmo assim por ordem do patrão que queria que trouxesse o carro da empresa para cá.

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É, eu também fico sem palavras com isso.

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Infelizmente, nessas horas, quando a pessoa que você mais ama no mundo depois de Deus e da sua mãe te liga chorando dizendo que está sozinho e machucado num hospital no fim do mundo, você não consegue raciocinar muito bem. Minha primeira reação foi pegar o toddynho e ir pra lá mas... eu não sei dirigir na estrada! Nem sabia como chegar na tal cidade.

Um dos meus coordenadores estava por perto e viu meu desespero e se ofereceu para me levar lá. Eu nem pensei duas vezes. Não pensei que estava deixando o trabalho no horário do expediente, bem no dia da avaliação,  que não tinha ninguém para ficar no meu lugar, que eu ia atrapalhar o horário do cara, que eu não tinha falado com a minha mãe antes. Eu simplesmente fui.

Cheguei lá e encontrei ele chorando, sozinho, com dor e as costas sangrando. E tive que encarar uma viagem de SAMU de lá para cá.

Não recomendo.

Não recomendo mesmo.

O abençoado do motorista deve ter feito questão de passar em todos os buracos e obstáculos que tinha na pista; o cinto de segurança não segurava nem eu e muito menos ele; o negócio parecia a ante-sala do inferno de tão quente e abafado. Comecei a passar mal e pensei que nós dois íamos ser internados.

Chegando na nossa cidade, os pais dele estavam esperando no Pronto-Socorro. Daí em diante, a bola estava com eles.

Para não ficar tão longo, eu vou tentar resumir todos os sentimentos que passaram pela minha cabeça durante esses dias: eu quis largar tudo, largar ele, abandonar a Operação Casa e o Projeto Casamento. Fiquei brava com a minha mãe porque ela jogou umas verdades na minha cara e eu sabia que ela tinha razão, mas eu não queria ser tão dura nem comigo e nem com ele. Fiquei brava com a família dele que parece não cuidar direito dele - e acabei percebendo que isso era mais má impressão minha do que verdade. Fiquei brava com tudo e, principalmente, fiquei brava com ele porque ele não me ouve, ele pensa muito diferente de mim, ele faz tudo tão ao contrário do que eu gostaria que ele fizesse.

Mas, agora que já deixei ele na casa dele e o primeiro fim de semana passou, eu sei que vai ser difícil; que eu vou ter que ser a motorista, a ajudante, a pscicóloga. Que eu vou ter que ter muita paciência durante a recuperação dele, a fisioterapia e a volta ao trabalho. Que vamos ter que cortar gastos e mudar planos.

Só que eu estou disposta a encarar isso agora porque eu não sei viver a vida sem ter ele do lado, sem ter ele entupindo meu celular de mensagem, fazendo doce para mim, batendo de frente com meu jeito, me fazendo carinho e falando que não vive sem mim.

E você vão acompanhar essa história aqui porque eu sei que vai dar excelentes posts!